quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Felicidade é o saldo

Recebi o texto abaixo da minha amiga Ceres. Ela leu na internet e resolveu dividir com os amigos. Realmente, foi uma grande sacada da autora, Laura H.



"Hoje acordei com muita vontade de escrever. Não que eu não tenha essa vontade diária, que eu tenho, mas hoje decidi que escrever aqui seria uma prioridade do dia.

Estava estressada esses últimos tempos, tensa, cheia de preocupações. De TPM. E pensando, como que eu posso ser feliz para sempre, se estou essa pilha de nervos? Porque eu sempre achei que existia feliz para sempre.

Ai, hoje, tive que passar no caixa eletrônico do banco e me vieram duas opções. Saldo ou extrato. Tirei o extrato, mas fiquei pensando.

A vida é o extrato. Felicidade é o saldo.

E eu fiquei pensando nisso. Será que a gente precisa mesmo se ater a todos os débitos? Será que precisa ficar revendo tudo o que saiu da nossa conta de alegria? De contentamento? Ou será que o que interessa é só o que está lá, na conta, disponível, agora?

Acho que, às vezes, pode ser necessário (ainda que doloroso) ver o extrato: na conta corrente de nosso "todo dia" haverá sempre pequenos (grandes ou médios) aborrecimentos e haverá sempre pequenas (grandes ou médias) alegrias e satisfações, compensando umas e outras é bom que se tenha felicidade no fim, mas é importante saber por onde estão escoando nossos créditos. Ou, ainda, porque estamos com tão poucos créditos recentemente...vai saber...

É importante também aprender: do mesmo jeito que uma bolsa não valia o seu salário do mês, aquela briga quando sua irmã pegou seu sapato não poderia ter gerado uma tristeza tão grande.

Só que, hoje, estou mais interessada no saldo. E mesmo que entre no cheque especial, recorrendo a quem quer que possa me emprestar um pouquinho, mesmo que alguém vá me cobrar juros e correção monetária (e se tem uma coisa que é bom devolver com juros e correção monetária, é alegria), mesmo que eu tenha que parcelar essa felicidade em quatro vezes com juros, eu quero ser feliz, no saldo de todo dia, até que esse todo dia seja o meu para sempre."

Um enorme coração

Metzker voltou a brindar os amigos com textos de rara inspiração. Este de hoje faço questão de publicar aqui no blog...

PNEUS CHIANDO NA CHUVA

@ Márcio Metzker

D. Hermínia de Águas Formosas

Estava passando de moto perto da Rodoviária debaixo da chuvinha fina e enjoada de uma manhã fria deste final de agosto. Ao parar num sinal vermelho, vi uma senhora sentada num murinho de pedra. Lenço na cabeça mal cobrindo a carapinha grisalha, era tão negra que chegava a ter reflexos azulados. Não tinha no rosto expressão de tragédia, nem de desilusão. Apenas olhava para longe com os olhos enevoados por alguma saudade indefinida. Mas estava descalça, e seus pés gretados úmidos na chuva me pareceram gelados e me encheram de compaixão.

Olhei para meus próprios pés dentro de meias esportivas de algodão e protegidos por grossas botas de couro. O sinal abriu e tive que sair, mas estacionei minha moto no pátio da Rodoviária e voltei a pé. Os pneus dos táxis chiavam no asfalto molhado. Ela estava no mesmo lugar. Me lembrava D. Hermínia, a camelô centenária de Águas Formosas. Aproximei-me devagar, encostei ao lado e perguntei se aceitaria um par de sandálias. Ela só balançou a cabeça que sim. Eu a convidei para ir comigo ao Epa, ali perto. Acompanhou-me em silêncio, mas disse que não podia entrar.

“Eu sou mendinga”, explicou. “Mas hoje a senhora é freguesa”, argumentei. Ainda assim recusou. Disse que já tinha aprontado lá dentro e os seguranças estavam de olho. “Eu panhei umas salsichas e saí mordendo”, resolveu contar, sorrindo, depois de certa hesitação. Achei que seria excessivo da minha parte oferecer pagamento pelas salsichas digeridas, só para que permitissem sua entrada.

Fui até o stand das havaianas e trouxe três modelos. Ela calçava apenas 36, e escolheu uma Ipanema branca de florzinhas azuis. Fui lá pagar, ajoelhei-me diante dela, tirei as etiquetas e presilhas e calcei seus maltratados pés. Quando me levantei, sua cara era de simples alegria. Não agradeceu com a boca, mas com o olhar. Não tirei foto com o celular, nem perguntei seu nome, sua idade, suas dores. Apenas lhe estendi a mão e saí de lá com a alma leve e o coração embrulhado para presente.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Voltar pra casa

Estive viajando por quatro dias e já não aguentava mais de saudades de casa. No Rio, enfrentei vento e tempestade e subi morros distintos.



Primeiro fui conhecer alguns projetos na comunidade da Rocinha. Nunca tinha ido lá e, em termos de infra-estrutura, é muito melhor do que muito lugar que já visitei. É verdade que o emaranhado de fios nos faz pensar que todos aqueles 'gatos' podem, um dia, subir no telhado e fazer explodir o barril de pólvora. É verdade também que a visita foi devidamente autorizada por quem manda no pedaço e que manda olheiros de quando em quando verificar o que aqueles almofadinhas todos estão fazendo por lá. Mas é mais do que verdade que tem muita coisa interessante. Uma TV a cabo com programação diária de 9 da manhã às 6 da tarde, com estudantes de jornalismo, moradores da Rocinha, fazendo matéria. Shows ao vivo, cada dia um gênero musical, se apresentando para a população, utilidade pública, informação de interesse da comunidade. Microcrédito, artesanato, moda, aquilo é um mundo de oportunidades que vale a pena conhecer.



Depois de descer um morro é hora de subir o outro. Desta vez o Pão de Açucar, com toda aquela paisagem de perder o fôlego, uma festa para prefeitos reunidos no Rio e pra ninguém botar defeito. Pena que chovia e ventava... Ninguém merece.



Sai do Rio, vai pra São Paulo. Um frio de doer os ossos. Chegamos às 2 da tarde com 8 graus nos termômetros. Não me pergunte a sensação térmica, mas era gelada. Dois dias de temperaturas bem baixinhas e chega a hora de voltar pra Brasília...



Pensei no calorão, na secura, mas na delícia que é voltar pra casa. E qual não foi a minha surpresa? Estava chovendo em Brasília, em pleno agosto. Não podia ter recepção melhor!



Chego em casa e outra surpresa me esperava. Minhas orquídeas agradeceram o bom tempo e floriram, todas, ao mesmo tempo. Todo mundo merece beleza igual!

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Um post para a Heloísa


Desde que minha mãe morreu, em setembro de 1997, poucas foram as vezes que sonhei com ela. Umas três ou quatro, no máximo, mas sempre sonhos bons, com astral elevado.
Lembro-me de um sonho no espelho. Eu penteava os cabelos e ela apareceu atrás de mim com um lindo sorriso nos lábios. Eu acordei feliz da vida; ganhei a semana.

Noite passada eu sonhei com a minha mãe. Ela e um grupo de amigas, todas felizes e sorridentes. Eu as levei para a casa da Heloísa em São Jorge, na Chapada dos Veadeiros (GO). Uma casa mais fofa, encravada no meio da mata, construída com amor e cuidado e decorada com gosto e aconchego. Já estive hospedada lá por duas vezes e sempre foi muito gostoso. Da primeira vez levei até o Chocolate...

Minha mãe e suas amigas adoraram o fim de semana. E eu adorei ter tido a oportunidade de passar uns bons momentos na companhia dela, mesmo que em sonho. Obrigada Heloísa, a sua casa foi o ambiente mais que perfeito.

"Roubei" esta foto da Heloísa no Facebook, mas eu também estava lá. Íamos embora de Veneza depois de dois dias maravilhosos. Olha a cara de felicidade dela...