quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Do fundo do baú 2

Lua, minha filha querida, sempre me surpreendeu com os trabalhinhos escolares para datas festivas. Nesta minha última mexida no baú, encontrei essas ‘Memórias de uma mãezona’, um presente muito simpático de Dia das Mães. Gostei particularmente das fotos escolhidas, porque ela passeou por várias fases da minha vida.



Para falar da juventude, ela colocou uma foto minha com o Eduardo Góes, meu bom e velho amigo da faculdade, no dia da formatura dele, em 1984.



E uma foto minha em Portugal, logo quando eu cheguei a Lisboa, em 88, fazendo pose para ler o El País...


A família foi escolhida a dedo. A primeira foto é do aniversário dela (de costas) de cinco anos, em 94. Minha mãe, de branco, baba na neta, enquanto minha madrinha, ao lado, observa a cena.



A outra foto foi tirada em Toledo (Espanha), em frente a uma vitrine. Eu estou grávida, em 89, minha irmã faz pose ao lado e o fotógrafo, meu queridíssimo amigo Zik, aparece no reflexo do vidro.


Dançando no aniversário dela de 1 ano, em 1990. Não existe coisa mais gostosa, não é verdade?



E sorrindo com ela numa festa infantil... (Não me lembro a data)



... e em Nova Viçosa, sul da Bahia, em janeiro de 1997.



Ela conclui o álbum dizendo que sou “sempre linda”. Na foto, estou almoçando com a Clarice Veras, em Brasília. O ano era 1999...

Um brinde à vida!

Minha mãe dizia que a coisa que minha irmã mais gosta de fazer é trabalhar... e ela não estava errada. Mariazinha adora um serviço.







Há pouco mais de um ano, nos seus poucos momentos de folga, ela resolveu desenhar a sua história. E arrasou! O livro chama-se ‘Um brinde à vida!’ e ela o dedicou aos nossos pais.



Existe coisa mais fofa que eu, euzinha, desenhada por ela? Ela fez várias telas de nós duas, mas optei por mostrar esta, em Belo Horizonte.


Precisou de uma cegonha enorme para trazer Luazinha ao mundo, em Lisboa, no final dos anos 80.


A vida dela tomou um novo rumo quando ela se mudou para o Rio de Janeiro...




A formatura em Desenho Industrial, por exemplo, foi a realização de um sonho antigo.



Eu e Lua, em Brasília. Muitos sonhos, muitos projetos, uma vida inteira para viver...


Do fundo do baú



Eu estava procurando uns documentos e acabei encontrando um monte de coisas legais para colocar aqui no Blog. Vou colocar aos poucos, mas resolvi abrir a série “Do fundo do baú” com este texto que escrevi em 15 de março de 1983. Eu tinha 22 anos, estudava jornalismo e era secretária de uma empresa de informática. Na época, eu estava apaixonada por um analista de sistemas – Fred – que prestava serviços à empresa. Ele aparecia lá de vez em quando e quase me matava do coração. Olha o que escrevi para ele:

Mais uma manhã se arrastava no compasso daquela terrível máquina de datilografia. Era o esmo barulho de teclas que compunham frases desconexas e me lembravam que os minutos estavam se passando e a qualquer momento ele chegaria.

Procurava adivinhar-lhe o cheiro, o sorriso, a prosa do dia. Esperava-lhe a cada barulho no corredor, a cada toque no telefone.

E maquinalmente corria o tempo, às voltas com chamadas telefônicas, cartas e sorrisos forçosamente simpáticos.

Era um dia enfadonho como qualquer outro, que ameaçava melhorar depois de sua chegada.

Pensamentos passavam pela minha cabeça como raios e era difícil aquela espera infinda.

Pausa para o cigarro... E seus olhos me apareciam de improviso. Olhar doce de menino. E mais cartas choviam para serem escritas e eu me esquecia do tempo.

E este maldito tempo corria tranquilo, sem pressa de chegar, brincando com o humor de quem espera, se fazendo de rogado.

E naquela estranha sensação de calma aparente, queimando por dentro, eu me mantinha sentinela, como se esperar fosse o meu sustento.

Ele acabaria chegando, cedo ou tarde, e isso me consolaria por meses de trabalho.

A manhã já contava na metade e a ansiedade já tinha se esgotado, seria de uma próxima vez. Voltaria no período da tarde e continuaria no meu posto de guarda.

O volume de serviço não me dava muito tempo para meditações e a vontade de ir embora me alcançava o estômago. Ficaria para outra.

O barulho de chinelos era inconfundível e se aproximava. Cada vez mais.

Mas logo agora que eu estou desarrumada e atrapalhada? Eu tinha até penteado o cabelo mais cedo...

Era inevitável e sua presença absolutamente real à minha frente se fazia como um turbilhão, que sobe à face e principia uma gagueira.

Eram tantas frases decoradas, tanto o que eu pensava em lhe dizer. Nada conseguia.

Ele permanecia ali parado, esperando pelas frase que não vinham e aquilo me encabulava ainda mais.

Papéis caiam pelas bordas da mesa, o telefone tocava (inferno de telefone) e ele tinha pouco tempo, eu teria que aproveitá-lo. Como?

Cinco minutos após sua permanência em minha sala eu já me encontrava ainda mais atrapalhada, suando por todos os poros, com uma legião de papéis espalhados e sem nada de concreto conversado. O coração continuava aos pulos e ele já tinha que ir embora.

Despedidas, sorrisos, olhares e lá se foi o meu “dia”. Teria que ficar para amanhã.

Eu então procurava me compor, lavava as mãos suadas, penteava o que me restava de cabelo, acertava o coração e voltava à normalidade.

Me restava, então, a expectativa do outro dia, como tantos outros, iguais.


Ô gente, o amor é lindo, né? Não deu nada certo com este rapaz. Um tempo depois, eu sai deste emprego para virar jornalista e nunca mais o vi... Ah, ele era a cara do Ayrton Senna...

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Bicho amigo



Ele me segue aonde eu for. Dá até aflição quando não se está acostumado. Outro dia passei um fim de semana com ele na Chapada dos Veadeiros (GO), em São Jorge, na casa da Heloísa; ela, Miriam e Magui foram testemunhas dessa fidelidade canina.

Só podia ser o Chocolate...

Em casa é incrível. Se eu for 10 vezes à cozinha, ele me acompanha 10 vezes, sem reclamar ou pestanejar.

Com a Lua é igualzinho. Só não podemos estar juntas, senão ele cria a maior confusão. As duas são dele e ele não as divide. A atenção deve ser única e exclusiva. Ele fica numa boa quando estamos sós, seja no computador, vendo televisão, lendo, não importa. Agora, se estamos conversando, o bicho pega. Ele late, briga, fica entre as duas. Demora aceitar a desfeita.

Nunca quis ter cachorro; jamais pensei nisso. Até a Lua me chatear e ganhar um. Prometeu mundos e fundos e eu acabei ganhando um neto. Que me torra o saco, anda atrás de mim, mas é adorável, meigo e sedutor. Uma armadilha deliciosa essa de ter bicho de estimação.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Quem foi rainha, não perde a majestade

Eu e Leda no Jardim Botânico, no Rio, no final do ano

Nem bem inaugurei meu blog e já estou ‘dando aula’ para quem deseja ter o seu... Fala sério!

Mas é verdade. Quando várias pessoas que conheço e admiro entraram nesta onda de blog – Clara Favilla foi precursora entre as pessoas que convivo mais de perto – a primeira pessoa que me veio à cabeça foi Leda Flora.

Fui a casa dela para dar este recado, convencê-la de que ela tinha de ter um blog. E parece que o ‘bichinho’ foi bem inoculado. Um mês depois voltei a visitá-la para dar lições (eu me acho!) de como montar uma página pessoal na internet...

Para quem não a conhece, Leda Flora é jornalista e foi grande dama da imprensa em Brasília. Tem um texto primoroso, um humor sagaz e promete como blogueira. Estou aguardando ansiosa pela inauguração do Papo furado...

domingo, 25 de janeiro de 2009

Parabéns Paulim Sartori!


Meu querido afilhado, Paulo Antônio, filho da minha grande, maior e melhor amiga Silvinha, é um músico talentoso que desde cedo mostrou seus dotes. Já não me lembro quantos anos ele tinha, uns 6 ou 7, quando me pediu um violão de presente. Ganhou e desde então faz maravilhas com o instrumento, mas toca também teclado e manda ver na banda Moon Dogs, cover dos Beatles, que tem feito um trabalho bem legal em Belo Horizonte, também com composições próprias.

O nome artístico dele é Paulim Sartori e eu sempre brinquei que, quando ele estiver bem famoso, lotando o Palácio das Artes – principal sala de Belo Horizonte - vai dedicar um show à madrinha dele, ‘que me deu o primeiro violão’...

Este post é dedicado a ele que fez vestibular para Violão, na UFMG, e passou em 1º lugar. Paulinho deve estudar também Filosofia na PUC Minas, onde ele também passou em 1º. É danado esse menino!

sábado, 24 de janeiro de 2009

Presentinhos



Lua foi a Campo Grande (MS) na semana passada visitar o Yev, namorado dela, e conhecer a família dele. Trouxe um monte de chocolates e alguns novos enfeites para a minha sala. Adorei!

São três pequenas ginastas e uma esfera de marchetaria que deram mais charme a esse cantinho. Que tal?

Adoro o meu jardim

Quando me mudei para Brasília, há pouco mais de 10 anos, tive a sorte de morar numa ótima casa no Lago Norte. Além de um grande jardim, tinha um quintal privilegiado, com inúmeras árvores frutíferas.

Eu colhia e distribuía laranjas, mexericas, mangas, abacates, limões, carambolas, acerolas, jacas, jenipapos, amoras, pitangas, jabuticabas, mamões, enfim, um pomar para ninguém botar defeito, cuidadosamente plantado, ao longo dos anos, pelo meu senhorio.

Quando ele colocou a casa para alugar, já se sentia cansado para tomar conta de tudo, mas me recomendou o jardineiro, o piscineiro, o eletricista, enfim, queria ter certeza que tudo ficaria bem. E ficou. Enquanto estive lá mantive o quintal e o jardim, bem como o resto da casa, impecavelmente cuidados.


Depois morei numa outra casa também no Lago Norte. Não tinha tanta variedade de frutas, mas o jardim era belíssimo, com muitas e muitas flores. Saindo de lá foi a vez de construir uma casa, num condomínio perto de Sobradinho, o “Império dos Nobres”, êta nome danado de cafona.

Na época, ainda era casada com o Alfredo, meu segundo marido - o português – e não tínhamos grana para contratar paisagista. Ganhamos muitas mudas de amigos, principalmente do Márcio Metzker, quando fizemos uma viagem à chácara dele na ‘Nossa Fazenda’, perto de Esmeraldas(MG).

Mais uma vez eu tinha um jardim bacaninha, dando os primeiros passos, mas com bastante
charme. Bem, depois que me separei do Alfredo, optei por morar em apartamento e aí ficou difícil ter jardim...

Só que o meu apartamento atual, comprado há pouco menos de um ano, na 403 Norte, me possibilitou criar um espaço bem gostoso na grade das janelas da área e cozinha. Comecei há pouco tempo e ali vou amontoando umas plantinhas, mas a idéia é colocar muitas mais. Gosto de ficar ali, sentada no banquinho, conversando com a Lua ou apreciando a paisagem. Adoro ter um jardim.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

A lenda de São Martinho


Conta a lenda, que num dia muito frio, Martinho, um valente soldado romano, encontrou à beira do caminho, um mendigo quase nu que pedia ajuda e lhe fez muita pena. Como o vento soprava violentamente e a chuva gelada caía sem parar, Martinho não hesitou em prestar-lhe ajuda. Parou o cavalo e, em seguida, com a espada cortou a sua capa ao meio e deu metade ao mendigo. Ao preparar-se para retomar o seu caminho, subitamente, a tempestade desfez-se, o céu ficou limpo e um sol de estio inundou a Terra de luz e calor. É a estes dias do mês de Novembro que o povo chama Verão de São Martinho.

Além do fado



Até hoje tenho muitas saudades de Lisboa e de Portugal, principalmente em algumas épocas do ano. Depois de morar lá por 7 anos, aprendi a gostar e a esperar por datas festivas, seus pratos típicos, e lugares que, pensando bem, talvez eu nunca retorne.

Minhas festas prediletas sempre foram as dos Santos Populares (tradição que herdamos e perpetuamos em nossas festas juninas) e, de preferência, em Alfama, o mais antigo e um dos mais típicos bairros de Lisboa. A melhor é a noite de Santo Antônio, de 12 para 13 de Junho.




Os moradores de Alfama enfeitam as ruas e fazem barraquinhas que vendem sardinhas, vinho, churrasquinho, pequenos vasos de manjericos para dar sorte, entre outras comidas típicas. Uma noite alegre e mágica.

Não me esqueço também do verão de São Martinho. Na primeira semana de novembro, em pleno outono, quando todos já tiraram os casacos e cachecóis dos armários faz uns diazinhos de Sol. É uma delícia.




É a época das castanhas, quando elas começam a ser vendidas nas ruas, embaladas em cones de papel, ou assadas em casa mesmo, no forno ou na lareira da sala. A bebida típica é o aguapé, o vinho novo, o primeiro que sai da safra, mais leve e menos alcóolico.

Como estou me preparando para passar uma semana, em fevereiro próximo, em Lisboa, as lembranças estão me atropelando... Hei de contar mais histórias.
Fotos: Acima uma vista panorâmica de Alfama, com o Tejo ao fundo. Logo abaixo, o bairro enfeitado e depois, as famosas castanhas nos cones de papel.

Diário cibernético



Nunca tive paciência para escrever um diário. Lembro-me da minha adolescência, quando muitas das minhas amigas tinham o seu guardado a sete chaves. Lá confessavam seus segredos, colavam fotos, pequenos bilhetes, pedacinhos de papel com grande significado. Quando a mãe de alguém lia o tal livro secreto era um Deus nos acuda. Para já ficava sabendo o que não devia, mas principalmente violava o espaço da filha e isso dava direito a choro, briga e até divã de analista.

Mas eu não. Gostava de escrever umas coisas, cartas para quem estava longe ou perto, que nem sempre enviava. Guardava os papéis avulsos em uma caixa de papelão que conservo até hoje (acredite se quiser). Nela reunia também os bilhetes, o papel da bala ofertada por ‘aquele’ garoto, fotos 3 X 4 das amigas e outras bugigangas. Mas não parecia um diário. Não tinha cronologia, uma mínima organização, nem obrigação de encher páginas e páginas em branco.

Esta história de blog me fez pensar que eu precisei viver tanto para ter vontade de organizar as idéias. Um espaço cibernético, onde cabem fotos, pequenas lembranças e até bilhetinhos que podem ser escaneados. Chiquérrimo, tecnológico e aberto ao público. Um diário do século XXI.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

A falta que ele me faz


Vinte e dois dias sem fumar... Já me disseram que enquanto a gente conta os dias, as horas e as muitas vontades superadas ainda não estamos livres do risco de uma recaída.

Acho que nunca estarei liberta. Em 2004, tomei a difícil decisão de abandonar o cigarro. Marquei data - 16 de setembro - aniversário de morte da minha mãe e véspera do meu próprio aniversário.

Fiquei dois anos sem fumar, mas quando acreditei que já podia dar uns traguinhos, voltei com força redobrada. Que saudades do meu bom e velho amigo...

Só que mais uma vez o cheiro me enjoa, a minha voz rouca me irrita e acho triste ter de ficar fora dos ambientes, de pé como um dois de paus, fumando sem qualquer prazer. O problema do vício é que ele acaba estragando o deleite que nos fez começar...

No momento, penso nele mais do que esqueço, mas sei que vai melhorar. Fico triste, dá vontade de chorar, mas sei que vai passar... Haja força de vontade!
Tudo é motivo para acender um cigarro. Alegria para comemorar, nervoso que precisa acalmar, gosto de café, beber com os amigos, sem esquecer daquele imprescindível depois do almoço...
Não tem preço, porém, voltar a sentir o cheiro das coisas, apurar o paladar, ter a pele viçosa de volta, o fôlego recobrado, a certeza que somos mais fortes do que ele. Mesmo sentindo essa imensa saudade, esse vazio no peito, essa falta que ele me faz.

Enfim, um blog




Já ensaiei construir um blog por diversas vezes. Primeiro, fiquei pensando no assunto a abordar... Caxias que sou, pensei em tratar de temas que tivessem a ver com o meu trabalho, ou seja, jornalismo, assessoria de imprensa, comunicação ou qualquer coisa que o valha.

Depois pensei em explorar algum tema específico, como viagens ou gastronomia, mas acabei deixando o projeto descansar em 'águas de bacalhau'...

Resolvi, então, que vou seguir o exemplo de minhas amiguinhas blogueiras - Clara Favilla e Bia Borges - fontes de inspiração para a nobre tarefa. Vou falar sobre o que me der na cabeça. Memórias, viagens, opiniões, qualquer motivo é motivo. O que eu quero é ser feliz!