segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Diminuindo preconceitos



A Globo é danada! A gente fala mal, tem restrições, mas, na minha opinião, eles bem sabem fazer uma campanha de conscientização...

Vi hoje, pela primeira vez, um capítulo inteiro da novela nova, Caminho das Índias, e pude entender que o tema da vez é o preconceito contra os portadores de doenças mentais. Será que está politicamente correto falar assim?

Acho que é uma área que já avançou muito, embora ainda tenha muito chão para percorrer. Se pensarmos que o Hiram Firmino descreveu os porões de Barbacena há menos de trinta anos, são anos-luz.

O contato mais estreito que eu tenho com a área é pela minha amiga Silvinha, psicóloga, gerente de um centro de convivência da região sul de Belo Horizonte. Antes de estar nessa função, ela trabalhou por anos a fio num centro de saúde instalado em uma favela também da zona sul de BH. Trabalho difícil.

Preconceito, eu? Não sei se isso é preconceito, mas eu não consigo me imaginar nessas funções. Sempre disse isso a ela; eu não saberia o que fazer, como me portar.

Assisti, na novela, a uma cena linda do Stênio Garcia, que interpreta um psiquiatra, conversando com um cliente dele, que toma remédios controlados e que teve um surto recente. O médico puxa as orelhas do rapaz por ele ter parado com os remédios e por isso, o surto.

O rapaz se explica, perdeu o emprego por preconceito e não entende porque as pessoas o temem.

A consulta tem o ar de corriqueira. Qualquer paciente de qualquer especialidade, que tenha uma doença que necessite acompanhamento, acaba desenvolvendo uma troca semelhante à mostrada na novela com o seu médico.

Mas qualquer doença de especialidade diversa é melhor aceita nos meios profissionais, sociais, familiares, com uma exceção aqui outra acolá...

Mas, em se tratando de doidos – aí fui imperdoavelmente incorreta – o buraco é mais em cima.

As pessoas têm medo de quem se expõe. É mais fácil tratar daquela ferida subcutânea (depois do acordo, tem hífen ou não?) do que conter a purulência...

Depois dessa novela, imagino que o tema seja visto com melhores olhos, como aqueles que passaram a ver os portadores de síndrome de down, os deficientes visuais, os dependentes químicos...

Pelo menos, quem nunca pensou sobre determinado assunto tem a oportunidade de se confrontar com realidades distintas. E, para falar a verdade, aos meus olhos de leiga, as abordagens da ‘Poderosa’ nesse tipo de campanha sempre me pareceram interessantes.

Por que não mergulhar no tema, conhecer as dificuldades de quem tem este tipo de problema e derrubar conceitos preconcebidos?

2 comentários:

  1. hoje vc está muito séria.faz parte da arte de ser feliz

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  2. Acho que vc está super certa, minha querida amiga.Como no caso dos homossexuais, das lésbicas, dos "desviados" em geral, o preconceito vem do fundo mesmo, das "feridas", do medo da desrazão. Porém, no caso dos loucos a "terapêutica" da internação em hospícios nos tirou a possibilidade de conviver com eles, de conhecê-los e aí o preconceito se juntou a uma completa ignorância sobre esses "diferentes". Também acho legal a "poderosa" colocar o tema na roda. Por pior que seja, pelo menos pode despertar a curiosidade geral. O que não é pouco, tendo em vista o nível de exclusão social em que vivem e o sofrimento que advém dessa condição.
    Agora, gostaria de sugerir um tema para vc escrever. Será que pode?
    Gostaria que vc escrevesse sobre a amizade. Como e por que acontece, como sustentá-la, etc, etc. Será que somos amigos uns dos outros pelos atributos (bons ou maus) que temos e os outros idem ou será que somos amigos simplesmente porque queremos? Escreve... vai...

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