domingo, 1 de março de 2009

Duas décadas de histórias


Adriana e Arijana não se viam há quase dois anos. “A gente acaba só se encontrando quando vem alguém do Brasil”, comentou Arijana. A última vez tinha sido com a visita da Carla (Carla Mendes, jornalista mineira, correspondente da agência portuguesa Lusa em Brasília), que também morou em Portugal há uns 20 anos. Agora as duas se reencontraram para me ver.

Fomos jantar num restaurante indiano, Himalaia, na zona central de Lisboa, perto do Rossio. Antes, porém, eu e Arijana combinamos nosso encontro na porta do Palácio Foz, na Praça dos Restauradores. “Só tu para me fazer sentir 20 anos mais nova”, brincou.

Isso, porque no Palácio Foz funciona uma sala de imprensa para jornalistas estrangeiros e era nosso (meu, da Carla, do Jair – outro jornalista brasileiro que ainda será citado nessas notas de viagem) QG e lá era – há 20 anos – o ponto de encontro de muitos amigos.

Arijana é croata, formada em letras, e mora em Portugal desde 87. Fala português com absoluta fluência desde aquela época, mas também inglês, francês, espanhol e outras tantas línguas que nem sei enumerar. Dá aulas de inglês numa faculdade portuguesa, faz traduções (também de livros) e vai se virando num país que hoje só fala da crise e onde se vive momentos de grande incerteza com relação ao futuro. Casou-se (e separou-se) com um português, com quem teve um filho, o Tomás, hoje com 11 para 12 anos. Tem um metro e oitenta de altura e olhos azuis tão doces quanto o melhor dos pastéis de nata, os meus prediletos.

Adriana é brasileiríssima, embora o sotaque esteja com um tom lusitano acentuado. Mora em Portugal desde 88 - chegamos na mesma época em Lisboa – casou-se também com um português (continua casada) e tem dois filhos: o Guilherme, 16, a quem eu dei o seu primeiro banho, e a Mariana Índia, 13, que era bebê de berço quando voltei para o Brasil.

Adriana é publicitária, mas trabalha com decoração há muitos anos. Tem uma linda loja perto de Sintra e também faz projetos de decoração para endinheirados, hoje angolanos na sua grande maioria, os poucos que ainda estão esbanjando dinheiro em Portugal nesses tempos de vacas magras.

O nosso encontro foi delicioso, parecia que o tempo não tinha passado. Não parávamos de falar um minuto. Fechamos o restaurante (os indianos já não se agüentavam de pé) e ainda fomos tomar um whisky saideiro no Procópio, um bar muito charmoso, que a Arijana escolheu para ser vizinha.

A noite terminou depois das três da madrugada (era uma terça-feira) porque minhas amigas precisavam acordar às sete. Eu estava de férias e me senti culpada.

No outro dia as duas me ligaram. Acordaram felizes da vida. Não é sempre que a gente volta 20 anos no tempo...

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