quarta-feira, 17 de junho de 2009

A viagem do Márcio à Europa II

Recebi um comentário bem simpático da Fran, namorada do Márcio, neste blog. Resolvi, então, colocar mais um texto dele com uma foto linda dela em Amsterdam...


A mais divertida banda de rock do mundo

@ Márcio Metzker

Amsterdam me desapontou bastante, porque é uma cidade velha e mal-conservada, cheia de carros caindo aos pedaços e canais de água esverdeada onde flutua o lixo dos turistas. Mas tenho que admitir que a água não cheira mal. No entanto, o trânsito é uma loucura: carros, ônibus, tróleibus, vans e trens urbanos disputando as ruas com as bicicletas e comprimindo os pedestres.

Nunca vi tanta bicicleta na vida. Diante da Centraal Station, onde ancorou o ferry-boat gratuito que sai de perto do hotel, havia um estacionamento em três níveis coalhado com milhares de bicicletas, a grande maioria bicicletas velhas parecendo a inglesa que meu pai tinha, inclusive com aquele gerador de eletricidade que parece uma garrafinha de metal cromado que carrega com a fricção no pneu dianteiro, para alimentar um farolzinho. E todo mundo anda de bicicleta como quer: mulheres de saia e salto alto, homens com casaco de frio e sunga, estudantes em velocidade de Tour de France. Vi um jovem executivo de terno, pedalando placidamente uma patinete. Tem semáforo só para bicicleta, e as motos e vespas invadem as pistas só de bike.

Só nos canais os barcos de turismo e de transporte navegam mais tranqüilos. A cidade é cheia de pontes novas e velhas, e outras que se abrem para a passagem dos barcos. Andamos pelo Centrum, a cidade velha onde há prédios tortos como a torre de Pisa, fora do prumo e prestes a cair. Fizemos umas comprinhas de pashmir e camisetas, ficamos escandalizados com umas estantes de hambúrguer com frente de vidro onde você põe uma moeda, abre, pega o sanduba e sai comendo pela rua, e com chapéus alaranjados de plumas absolutamente para drag-queens, e também com as sex-shops escancaradas, mostrando coisas nas vitrines que as crianças holandesas não deveriam ver.

Fiquei maravilhado no Mercado das Flores, com tantas variedades de plantas que dão a partir de bulbos. Pensei em trazer um pacote de bulbos de tulipas de todas as cores, mas sei que seriam uma decepção nos canteiros da minha chácara. O mais engraçado é que eles vendem kits para plantar maconha, com as sementes em lata, o adubo e um manual de cultivo.

No hotel nos deram um guia turístico cheio de classificados de putas, mas havia um tipo de local mais numeroso que os de sacanagem: museus. Amsterdam deve ter mais de 20 museus. Desistimos de pôr em risco nossas orelhas no Museu Van Gogh, mas decidimos ir ver os magníficos quadros de Rembrandt na Rembrandthuis, a casa dele. Custamos tanto a achar que paramos antes para almoçar costeletas e um bife num restaurante argentino, regados a um bom vinho tinto espanhol.

Aí descobrimos que os museus de Amsterdam rivalizam com as casas de sacanagem. Pagamos 16 euros para entrar, mais um para guardar a mochila, e percorremos três andares da casa vendo somente quadros dos discípulos do pintor, alguns deles tão simplórios quanto os que minha mãe pintava. De Rembrandt mesmo vimos apenas alguns esboços. As obras dele que ainda estão na Holanda ficam no Rijsmuseum. Isso sim, foi uma grande sacanagem.

Cansadérrimos, pegamos um barco turístico que percorreu durante uma hora os canais da cidade, com uma gravação em quatro línguas contando as fofocas de antigamente. Nada interessante. Quando passamos pela Centraal Station, ficamos loucos para pedir ao capitão que nos deixasse lá para pegarmos nosso ferry-boat, mas tivemos que concluir a xaropada. Foi até bom, porque passamos a pé por uma quadra gay onde os bares ostentam bandeiras rainbow e os casais homo mais estranhos ficam arrulhando nas calçadas.

O mais divertido foi chegar a uma praça onde havia centenas de mesas ocupadas por jovens que tomavam cerveja e aproveitavam o solzinho da tarde, e uma fantástica banda em atitude de rock tocava alguns instrumentos os mais bizarros. O crooner com um violãozinho acústico. Ao seu lado um vocalista com um banjo. Atrás um um tarol, um bumbo, um trumpete, um acordeon e uma tuba. Imaginem essa composição circense tentando fazer som de rock. O visual deles era fantástico: todos de peruca, alguns maquilados, todos com casacos de Sargeant Pepper’s e calças colantes com recheio na dianteira, para parecer que tinha grande volume. As crianças paravam na frente, fascinadas. Ficamos por ali, tomando uma cerveja, batendo fotos, aplaudindo e cantando juntos quando a música era em inglês.

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